Editorial ESPECIAL RTEP 10 ANOS

Editorial RTEP SPECIAL 10 YEARS

Authors

  • Jean Henrique Costa

Abstract

Editorial

Jean Henrique Costa

Editor Fundador / Founding Editor / Revista Turismo Estudos e Práticas / Journal Tourism Studies & Practices 

 

É com alegria que hoje, 23 de agosto de 2021, a Revista Turismo Estudos e Práticas (RTEP) vem a público e soleniza seu décimo volume[1]. Prestamos mais esse trabalho de relevância acadêmica e vivificamos aquilo que, usualmente, denomina-se campo multidisciplinar de estudos em turismo ou estudos turísticos.

Como periódico, após um decênio estamos mais maduros, confiantes e, principalmente, cientes de nossa missão editorial: ser um espaço acadêmico plural para o campo de estudos em turismo, lazer e hospitalidade. Em dez anos, demarcamos nosso campo e imprimimos nosso nome.

Mesmo querendo evitar o enfadonho lugar-comum sobre a absorvente trajetória do trabalho editorial, é imperativo mencionar e parabenizar o esforço despendido por aqueles que vêm fazendo a RTEP desde seu primeiro número, ainda no alvorecer do ano de 2012. Não citaremos nomes, mas a RTEP deve a todos aqueles que aqui já publicaram, avaliaram ou mesmo divulgaram a revista. Deve, sobretudo, ao leitor, que é nossa razão de ser. Muito trabalho foi depositado na gestão deste periódico, portanto, precisamos parabenizar àqueles que, nominalmente ou não, fizeram e fazem esta revista acadêmica.

Na ocasião do lançamento de nosso primeiro número, ainda em 2012, já sabíamos dos desafios e limites inerentes à gestão de um periódico acadêmico de turismo, mas nem por isso abrandamos. Pelo contrário! Fizemos parcerias – nas cinco regiões do Brasil e por quase todos os recantos do globo – e tocamos adiante, sempre devagar e com a esperança de, quiçá, alçar o equilíbrio performático dos louros acadêmicos. Estamos sumamente distantes desse Éden acadêmico, mas também longe estamos do anonimato.

Prontamente, autores e parceiros das três Américas, da Ásia, da Europa e da África aqui já publicaram e confiaram em nosso trabalho. No Brasil, temos representação em quase todos os estados da Federação. Internacionalizamos a produção, bem como nosso Conselho Editorial. Temos hoje legitimado certo capital simbólico, isto tudo no âmbito de uma Universidade estadual, do interior do estado do Rio Grande do Norte, sem recursos diretos aplicados e com uma equipe editorial totalmente voluntária. Não vamos romantizar nossa precária condição material, mas é preciso ressaltar que rompemos algumas barreiras. Gerenciamos e contornamos a barreira do dinheiro, de certo isolamento regional e da própria lógica acadêmica interna dos estudos em turismo. Temos sim o que comemorar, sobretudo diante de nosso atual contexto político de negacionismo científico e de degradação estrutural do trabalho universitário.

Concernente aos trabalhos aqui publicados, recebemos, avaliamos, relativizamos, flexibilizamos e acolhemos parte significativa do material recebido. Cooperamos, enfim, com a comunidade acadêmica do turismo e para além do turismo. Criamos Cadernos Suplementares, expandindo nossa marca editorial para comunidades acadêmicas do Irã, Rússia, Azerbaijão, Ucrânia, Indonésia, Índia, Vietnã, Malásia e China. Publicando números especiais, estreitamos também parcerias com universidades da fronteira norte do México e do sudeste asiático, além de colaborar com distintos grupos de pesquisadores de várias universidades do Brasil. Portanto, entre idas e vindas e entre acertos e erros, aqui estamos: “Estamos vivos e é só”, conforme lembra uma canção de Humberto Gessinger.

Claro que uma jornada de dez anos não se contaria em três singelas páginas, mas aqui queremos reforçar que nossas apostas – neste decênio que agora termina – têm sido sempre no sentido de cooperar e integrar, reduzindo a dissimetria entre autor e editor e buscando frear qualquer forma de violência simbólica. Formalismo e seriedade não precisam se blindar em uma roupagem fria, burocratizada e blasé. Assim, aqui apostamos em vozes não abafadas e no não-silenciamento. O campo acadêmico do turismo ainda é imaturo e fortemente dependente de perspectivas positivistas e funcionalistas. Além disso, carece de tradição e zelo teórico. O campo é jovem e seus pesquisadores também. Logo, há muita borracha de chinelo para se gastar nessa caminhada de maturação teórica, dissertativa e, sobretudo, política. Política? Claro! Precisamos lembrar que parte estruturante deste campo acadêmico disciplinar tem forte compromisso com a reprodução da ordem vigente (capital, elites, Estado). Deste modo, muito do que se chama “ciência” nada mais é do que técnica de controle social ajustada ao discurso acadêmico. Negar isso seria um absurdo. Mesmo assim, no trabalho editorial cotidiano, compreendemos essa questão e não nos fechamos, acolhendo todo o campo acadêmico do turismo. Talvez esta seja a questão nevrálgica deste campo acadêmico e que imputa na gestão de um periódico muitas questões operacionais de emaranhada resolução. Mas isso é assunto para outro momento...

Para encerrar, este editorial guarda ainda outro momento de celebração: a migração da RTEP para nosso Portal Geplat Edições (geplat.com), um novo, dinâmico, estável e autônomo website. Estamos de morada nova, não obstante com o mesmo espírito editorial.

No mais, esperamos que este novo número (v. 10, n. 2) seja bem recebido pela comunidade acadêmica e que possamos, em 2022, continuar nossa jornada. Parafraseando Chico Buarque, apesar das muitas dificuldades, amanhã há de ser outro dia!

UERN, Mossoró/RN

23/08/2021

[1] Volume 10, Número 2.

Published

2021-08-23