SOFRIMENTO NO TRABALHO: UM CAMPO DE LUTA NO TURISMO

Abstract

A que deve o trabalhador renunciar para se adaptar à organização do trabalho? Neste trabalho, de caráter ensaístico e crítico, propomos estabelecer uma interface entre trabalho, sofrimento e arte, nos limites entre a força de trabalho marxista, o pulsional freudiano e a loucura do trabalho dejouriana, para problematizar a exploração do trabalho. Buscamos esse nexo através de duas séries de instalações artísticas de Adriana Varejão, Línguas e Cortes (1997-2003) e Charques (1999-2018), cujas obras nos impõem o olhar para o tema. Arriscamos o caráter fragmentado dos encontros evocados para reapresentar e interpretar o sofrimento na histórica relação das forças produtivas, da qual o turismo não escapa. Desapropriado de sua intelectualidade, individualizado da coletividade e limitado em relação às necessidades do seu corpo, o trabalhador precisa resistir. O sofrimento é proposto como campo de luta entre o desejo do trabalhador e a demanda da organização do trabalho, como uma estratégia possível de negociação do trabalhador para não adoecer.