O FETICHE DO OBJETO E O ESPETÁCULO DA FACHADA: O TURISMO DE MASSAS COMO LICENÇA PUERIL DO REAL
THE FETISH OF THE OBJECT AND THE SPECTACLE OF THE FAÇADE: MASS TOURISM AS A PUERILE LICENSE OF THE REAL
Abstract
RESUMO: O documentário The last tourist: travel ‘lost its way’ aborda a saturação que o Turismo de Massas provoca nos contextos ambientais, comunitários, socioculturais e político-econômicos dos mais diversos destinos de férias ao redor do globo. O Turismo de intensa rotatividade de pessoas, bens e serviços fetichiza objetos, reduzindo-os a chaveirinhos e postais, e espetaculariza paisagens sagradas como meras fachadas para poses caricaturais e performatizações do ridículo e do obsceno tolerado como ‘comportamento de turista’, como ‘vivência de uma pausa do real’. Nesse sentido, o argumento ético-político do documentário é a perda da aura de uma prática turística que, enquanto proposta de viagem para o encontro do outro, embriagou-se em um salto narcísico pueril do si mesmo pequeno-burguês inerente ao jogo social e ao traquejo cultural da metrópole moderna. O presente ensaio buscou elaborar uma análise crítica do Turismo de Massa em sintonia com a narrativa fílmica a partir de dois recortes: o da condução textual oralizada do documentário em um modo panfletário hiperreal; e o da condução do mesmo em um modo de imagem goffmaniana decalcada dos quadros da experiência do real social ordinário. Esse duplo movimento confere extrema dinamicidade ao documentário, cativando a atenção do espectador sem abrir mão do entretenimento. Palavras-chave: Turismo de Massas, narrativa fílmica, documentário ‘The last tourist’, panfleto hiperreal, imagem decalcada do real.
ABSTRACT: The documentary The last tourist: travel 'lost its way' addresses the saturation that Mass Tourism causes in the environmental, community, sociocultural and political-economic contexts of the most diverse vacation destinations around the globe. Tourism with an intense rotation of people, goods and services fetishizes objects, reducing them to keychains and postcards, and spectacularizes sacred landscapes as mere facades for caracaturian poses and performances of the ridiculous and obscene tolerated as 'tourist behavior', as 'experience of a pause from the real'. In this sense, the documentary's ethical-political argument is the loss of the aura of a tourist practice that, as a proposal for a journey to meet the other, has become intoxicated in a narcissistic puerile leap from the petty-bourgeois self inherent to the social game and cultural trachejo of the modern metropolis. The present essay sought to elaborate a critical analysis of Mass Tourism in tune with the filmic narrative from two cuts: that of the oral textual conduction of the documentary in a hyperreal pamphleteering mode; and that of conducting it in a mode of goffmanian real decal image on the frames of the experience of the ordinary social real. This double movement gives extreme dynamism to the documentary, captivating the viewer's attention without giving up entertainment. Keywords: Mass Tourism, film narrative, documentary 'The last tourist', hyperreal pamphlet, real decal image.