MOSSORÓ COMO UM MUSEU A CÉU ABERTO – ARTE E ESPAÇO PÚBLICO NA CAPITAL DO OESTE POTIGUAR

Abstract

Ao longo da história da humanidade, o ser humano sempre se preocupou com o urbanismo das cidades. Ao reorganizar os espaços urbanos, através de seu mobiliário, surgem as obras de arte inseridas nos espaços públicos com os mais diversos fins: desde o aformoseamento das cidades, até o resgate da memória do lugar, homenagens à pessoas e datas comemorativas, dentre outros. Essas obras de arte habitam e transformam os espaços, dando-lhes sentidos, construindo significados e cristalizando identidades. A partir da descoberta da Lei Municipal nº 427/89 que fomenta a produção dessas obras de arte em Mossoró/RN, bem como observando a inexistência de um registro ou catálogo dessa produção, o presente trabalho tem como objetivo empreender a análise, a catalogação, a tipologização e a teorização acerca das obras de arte públicas da cidade. Através de uma densa revisão da literatura, o presente trabalho explora conceitos-chave tais como Espaço, Público e Privado, utilizando teóricos como Milton Santos (1999), David Harvey (2003) e Ângelo Serpa (2007); para as discussões sobre Memória, Jacques Le Goff (1996); para tratar de Identidade, utilizamos Bauman (2005), Butler (1999), e Castells (1999); para explorar conceitos de Cultura, Laraia (1999), Bourdieu (2003) e Geertz (1989); para discutir Arte, Gombrich (1995) e Suassuna (2009), dentre outros. Através da pesquisa de campo, do registro fotográfico, da observação direta, do auxílio de informantes, do diário de campo e gravações em áudio, foram identificados oito gêneros de manifestações artísticas e cinco mecanismos de fomento à produção das 80 obras de arte públicas catalogadas em Mossoró. Vimos que desde 1904, quando surge a primeira obra, até 2014, ano de conclusão da presente pesquisa, essas obras se relacionam com os espaços aos quais estão inseridas, ajudando no resgate de fatos ocorridos no passado, bem como contribuindo para a cristalização de identidades individuais e coletivas, das pessoas e do lugar, devido à recorrência dos seus temas, posto que o mapeamento da arte pública de Mossoró permitiu identificar os artistas, as obras, os tipos e os contextos em que foram concebidas, caracterizando os períodos de produção e os espaços públicos em que se encontram, elevando a cidade à categoria de uma verdadeira galeria de arte a céu aberto.