PREFÁCIO – Dossiê Geplat Papers, v.5, n.1, 2024
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PREFÁCIO – Dossiê Geplat Papers, v.5, n.1, 2024
O presente dossiê da Geplat Papers, v. 5, n. 1, abre o ano editorial de 2024 com um conjunto variado de reflexões socioantropológicas resultantes de campos etnográficos em efervescência e de experiências de pesquisa em andamento. Bem como de homenagens e digressões sobre professores e totens que vêm marcando a discussão na grande área das Ciências Sociais e Humanas.
A Seção de Artigos prima pelo exercício da crítica marxiana ao iniciar a presente edição com o texto Equidade na Educação: entre o vivido e o prometido, da autoria de Jean Henrique Costa, Raoni Borges Barbosa e Tássio Ricelly Pinto de Farias. A discussão gira em torno dos impactos do avanço neoliberal real sobre a Educação Escolar brasileira, em cujo contexto cultural anti-igualitário se pretende a desiderabilidade de uma política de equidade na Educação.
O texto seguinte, da autoria de Fernanda da Silva Rocha e de Carmen Lúcia Silva Lima, intitulado Identidade e territorialidade: sob as pegadas do lundú de lezeira no Quilombo Custaneira/Tronco, conduz o leitor pela poética da arte, da corporeidade mística e da religiosidade elaborada por quilombolas do Piauí, problematizando, nesse diapasão, o papel da memória da ancestralidade que corre na estética discursiva e na prática corporal do lundú de lezeira para a construção de noções presentes e politicamente potentes de identidade e territorialidade em disputa.
Bismark de Oliveira Gomes e Vinícius Iley Oliveira Rodrigues são os autores da terceira reflexão do dossiê, criativamente intitulada de Entre sombras e cicatrizes: estresse pós-traumático e insônia na narrativa do filme “o operário”. A análise fílmica, grosso modo, problematiza o avanço da lógica sociometabólica de reprodução do Capital sobre o corpo, a mente e o espírito do trabalhador na condição de operário, que se vê paulatinamente invadido em sua zona de integridade psíquica pelo ranger da máquina capitalista, privando-se de sono e de gosto pela vida.
Francilene da Silva Abreu, Carmen Lúcia Silva Lima e Raoni Borges Barbosa, com o texto Corpo e território: do Delta do Orinoco ao centro de Teresina (PI) – uma mobilidade transacional dos indígenas venezuelanos Warao, por um lado; e Carlos Alberto M. Cirino, José Raimundo T. dos Santos, Raniere de Oliveira Carvalho, com o texto Comunidades “Warao a Jonoko” e “Warao Yakera Ine”: resiliência e luta dos indígenas imigrantes refugiados venezuelanos contra a violação de direitos no estado de Roraima, por outro lado, abordam questões sociais, culturais e jurídicas no processo diaspórico da etnia Warao no Brasil desde 2014.
Os textos seguintes são resultados, em boa medida, das discussões empreendidas nas disciplinas de mestrado Antropologia Urbana (ministrada por Carmen Lúcia Silva Lima e Raoni Borges Barbosa) e Pesquisa e Escrita Etnográfica (ministrada por Raoni Borges Barbosa) do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social – PPGANTS da Universidade Federal do Piauí nos anos de 2022 e 2023: Uma reflexão sobre a democracia parlamentar e a abertura religiosa presente na 21ª Sessão da Câmara Municipal de Codó, de Lêinad Dallyne de Oliveira Alves; Vida em mutirão: uma etnografia sobre ações coletivas na Comunidade Alegria em Timbiras, Maranhão, da autoria de Silmara Moraes dos Santos; "Rua da Tontura”: uma etnografia da pegação gay na rua Simplício Mendes no Centro de Teresina, de Carlos Eduardo Bezerra Freitas e Raimundo Nonato Ferreira do Nascimento; Trilhas de Sedução: o outro lado da avenida Raul Lopes, de Carlos César Santos Silva Filho, Carmen Lúcia Silva Lima e Raoni Borges Barbosa; e A cultura como elemento de segregação da biblioteca de escola pública e fortalecimento da distinção social, assinado por Conceição de Maria Bezerra da Silva e Raimundo Nonato Ferreira do Nascimento. Esses textos etnográficos testemunham, cada um a sua maneira, o cotidiano de leituras, estudos e pesquisas antropológicas no PPGANT-UFPI.
O dossiê Geplat Papers, v. 5, n. 1 apresenta, ainda, na Seção Resenha, uma sentida abordagem, assinada por Raoni Borges Barbosa, da contribuição de Castañeda para a tradição etnográfica da segunda metade do século XX. Naquele momento pleno de descobertas de sujeitos de análise enigmáticos e de objetos analíticos exóticos que pareciam reclamar do pesquisador imerso na aventura do afetar-se integralmente pela alteridade, Castañeda surpreende com sua etnografia da evitação, romanceando, assim, mais o processo de transformação subjetiva do pesquisador, sempre inconcluso, suspensivo e escorregadio, do que o viver como um guerreiro dos xamãs Yaquis.
A terceira e última seção do dossiê Geplat Papers, v. 5, n. 1, a Seção Ponto de Vista, traz duas contribuições de Valentim da Silva, ambas abordando figuras emblemáticas para o pensamento social e o fazer acadêmico em Humanidades e Ciências Sociais: a educadora Terezinha Rios é homenageada no texto Que espécie de gente é essa, uma educadora, Terezinha Rios?; e o pensador Edgar Morin, por fim, no texto Edgar Morin: 103 anos de um acontecimento em curso incessante.
À leitura!
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